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Mostrando postagens de 2008

CIÚMES

Tenho visto algumas palestras sobre ciúmes. Confesso que todas elas deixam a desejar. Falta uma visão psicanalítica mais profunda, mais arraigada sobre o início, quando tudo começou. Como era a relação com os pais? De onde vem o conceito de posse, do ser MEU? Onde esse ciúme se transformou em algo patológico? Onde residem suas inseguranças, sua baixa auto-estima? Até onde vai a ilusão de que se pode reter o outro? Dificilmente eu conseguirei, em um breve texto, abranger tudo, mas vamos tentar alcançar alguma coisa mais do que se expõe por aí. As pessoas se referem muito aos ciúmes de relações amorosas, que existem e estão bem evidentes no dia a dia, mas eu quero deixar bem claro que esse tipo de ciúmes é reflexo de problemas já preexistentes, principalmente na vida familiar. Além desse trivial, existem os ciúmes de mãe, pai, filha, madrasta, amigos, e estes podem ser tão patológicos quanto os de um homem e uma mulher e suas relações. Uma criança diante de um pai ausente pode, conse

Memória

Assisti novamente ao filme Brilho eterno de uma mente sem lembrança . Desde que assisti pela primeira vez, fiquei instigada a escrever algo. Ele é muito interessante e propõe muitas discussões em volta do assunto tratado. Para quem não viu: Sinopse Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) formavam um casal que durante anos tentaram fazer com que o relacionamento entre ambos desse certo. Desiludida com o fracasso, Clementine decide esquecer Joel para sempre e, para tanto, aceita se submeter a um tratamento experimental, que retira de sua memória os momentos vividos com ele. Após saber de sua atitude Joel entra em depressão, frustrado por ainda estar apaixonado por alguém que quer esquecê-lo. Decidido a superar a questão, Joel também se submete ao tratamento experimental. Porém ele acaba desistindo de tentar esquecê-la e começa a encaixar Clementine em momentos de sua memória os quais ela não participa. Parece loucura, mas é bem real dentro da história de cada um.

APENAS UMA NOTA....

Cada um de nós tem uma história particular e muito interessante para ser contada. São momentos únicos com pessoas e acontecimentos que se costuram e assumem grande importância em nossas vidas. Cada um tem uma forma de reagir àquilo que recebe da vida e assim formamos nossa personalidade, nosso caráter. Construindo nossa escala de prioridades com valores que evoluem ou são descartados no decorrer do caminho. Irmãos são criados na mesma casa, com pais que passam os mesmo preceitos para todos, mas o que cada um fará com aquilo que é recebido é o que rege a transformação de cada ser. O mesmo se dá com os acontecimentos. Duas pessoas podem passar pela mesma situação traumática (exemplo), mas esta terá impacto diferente nas pessoas. Por acreditar nisso coloquei a frase da música de Almir Sater, divinamente interpretado por Maria Bethânia, na minha tese do curso de especialização em psicanálise:“Cada um de nós compõe a sua história, e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, e ser

Fantasia

Essa semana, eu encontrei um aconchego, um abrigo nas minhas memórias da infância. Lembrei de uma crônica da Denise Fraga para a revista Crescer (editora Globo) em que ela fala que só quem chupou bico na infância pode entender o prazer isso. Eu não lembro da delícia de um bico, mas outras lembranças da infância me trazem um prazer inigualável, a fantasia das minhas brincadeiras... Montava uma casa inteira com livros e vasilhas de cozinha que serviam de piscina. Os personagens eram bem diversificados e faziam parte de uma estória criada pela minha imaginação. Eu passava o dia dentro de um contexto totalmente alheio ao mundo real ao meu redor. Tive uma infância maravilhosa, com muitos amigos e brincadeiras de rua, coisa que está se perdendo na sociedade atual. A violência restringe muito a liberdade das crianças, mas aquele meu mundo particular era inigualável, tinha um sabor diferente. Outro dia minha mãe comentou de forma nostálgica que eu esquecia do mundo brincando com aquelas mini

Frida

N ão é preciso entender de arte para amar Frida Kahlo. Eu apenas admiro alguns pintores e escultores sem pretensão de ser uma grande entendedora desse tipo de trabalho. Há alguns anos, li O Diário de Frida Kahlo e por meio dele tive contato com seus quadros. Acho que me apaixonei pela sua história antes de apreciar o seu trabalho. Tive um olhar especial pra todo o sofrimento de uma vida, um acidente trágico e um amor dolorido como uma ferida exposta. Ao ler Cartas apaixonadas de Frida Kahlo, minha falta de apreço por Diego Rivera se acirrou. Como eu odiei a criatura por ser tão infielmente cruel. Chegou a se relacionar com a irmã de Frida. Como, diante de tão famigerada dor física, ela ainda se apaixonou por ele? A ssim que foi lançado no cinema, assisti Frida, não gostei, saí de lá frustrada porque não conseguiram transmitir nem um terço do tamanho sofrimento passado por ela. Anos depois, tive que encarar novamente o filme para participar de um debate promovido pela Interse

Um pouco de mitologia

Mitologia é uma de minhas paixões, preciosa e antiga, um conhecimento que comecei a adquirir lá pelos meus 16 anos. São tantas versões que fico até com receio de ler algo novo e diferir da que conheço: a primeira versão, à qual fui apresentada e envolvida. Os deuses da mitologia grega são tão humanos que os adotamos como pessoas próximas, tão sujeitos ao nosso julgamento como parentes que fazem parte da nossa história. Assim tomamos partido de uns, odiamos e maldizemos outros. Nesta semana, tive oportunidade de ressuscitar uma questão antiga e acho que não é só minha: Perséfone realmente se apaixonou por Hades? Eu sempre defendi que sim. Um livro, A Deusa Interior de Roger J. Woolger e Jennifer Barker Woolger, caiu em minhas mãos e eu descobri que a deusa que predomina em mim é Perséfone. Logo, poderia falar dela de cadeira. De acordo com meu parecer, não há como não se apaixonar por Hades. Ele é misterioso e interessante, dono de um reino rico em símbolos espetaculares. Este r