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Mostrando postagens de março, 2009

Desejo e sublimação

O texto que postei na semana passada revela a inquietação inicial de um trabalho entitulado: "Estruturação do sujeito, psicose e diálogos proibidos". Nele revelei meus questionamentos sobre uma visão que considero estreita e ao mesmo tempo fértil acerca da noção de estruturação do sujeito, trazida pelo pensamento psicanalítico. Questioná-la não significa descartá-la e, o que fiz, foi revelar um diálogo silencioso, porém inquietante, entre o saber psicanalítico e sabedoria budista. Portanto, o que vocês poderão acompanhar ao longo das próximas semanas é a continuidade desse trabalho, constituído pela dialética entre a pulsão de vida e a pulsão de morte, inerente ao sujeito. Divirtam-se! Como eu ia dizendo em relação ao desejo, "seria possível ultrapassá-lo?" Em 1960, ao tratar da ética do sujeito, conforme registrado no Seminário 7, "A ética da psicanálise", Lacan partiu das considerações de Aristóteles, Sade e Freud sobre o tema para chamar a atenção sobre

Sujeito do desejo?

O sujeito é um fenônemo. Um continum que aparece e desaparece no discurso, seja ele exteriorizado ou não. Um flash discursivo contínuo amarrado a um vir-a-ser. Como as chapas de um filme que, reproduzidos seguidamente e a uma certa velocidade, dão uma aparência de algo inteiro e não fragmentado, de algo existente, com início, meio e fim. Engodo. Engodo dos sentidos. Mas que sentido há nisso? Qual é a cadeia de significantes que da ordem a tudo isso? A cadeia que se estrutura a partir da relação com o corpo e com o discurso do Outro. Linguagem corporal e linguagem verbal que organizam a passagem do Real ao simbólico. Um nome e uma forma, apenas. A ignorância do numenum dando origem à apreensão dualista de natureza simbólica. Na origem, apenas aquilo que, na psicanálise, ganhou a alcunha de "terror sem nome": o vazio. E daí, o que se toma como existente, está sempre aprisionado (i) pela fuga do que não se conhece e se teme conhecer - a morte desse sujeito da ilusão - e (ii) pe